Pesquisa aponta que leitura na infância favorece a inteligência



Olá, estimados leitores.
                Você aí do outro lado da tela tem filhos, afilhados, sobrinhos, netos, primos ou mesmos irmãozinhos menores? Tem alguma criança em casa? Sim? Então temos uma boa notícia pra você. Sabe esse delicioso hábito que adoramos cultivar, a leitura? Pois pesquisadores do Reino Unido constataram que “uma boa relação com a literatura no início da vida afeta positivamente diversas habilidades cognitivas na adolescência”. É isso mesmo que você entendeu, caro amigo leitor: ler favorece a inteligência!!!!
                Ou seja, além de proporcionar ótimos momentos de lazer ao seu filho, incentivar os pequeninos a ler desde novinhos é também um excelente método para ajuda-los a aguçar suas mentes. Quer saber como isso é possível? Então confira abaixo a transcrição da matéria escrita por Roberta Machado e publicada pelo Correio Brasiliense.

***

                Um estudo realizado com gêmeos idênticos no Reino Unido mostra que ler bem no início da infância pode afetar positivamente a inteligência da pessoa para o resto da vida.  A pesquisa, conduzida pela Universidade de Edimburgo e pela King’s College de Londres, comparou o nível de leitura de 1890 pares de irmãos por nove anos e constatou que os indivíduos que se davam bem com os livros a partir da fase da alfabetização desenvolveram habilidades cognitivas superiores na adolescência. A vantagem intelectual dos leitores, aponta o estudo, não foi restrita ao jeito com as palavras e se estendia também à capacidade de raciocínio em testes não relacionados à literatura. Os resultados podem influenciar na forma como especialistas lidam com a educação infantil.
                As crianças acompanhadas foram submetidas a testes de leitura e de inteligência aos 7, 9, 10, 12, e 16 anos. Eles passavam por testes de vocabulário e compreensão de texto, além de terem o conhecimento sobre autores populares sabatinado. A desenvoltura não verbal também foi testada em atividades que mediam o pensamento abstrato e a lógica dos pequenos. Como resultado, aqueles que liam melhor que seus irmãos também tinham desemprenho superior em testes de inteligência em cada fase da vida.
                “Podemos apenas especular as causas”, ressalta Stuart Ritchie, pesquisador de psicologia da Universidade de Edimburgo e principal autor do trabalho, publicado recentemente em Child Development. Ele aponta que  há duas causas principais que possam ligar a leitura ao desenvolvimento da inteligência: “Primeiro, ler permite que as crianças pratiquem habilidades de pensamento, como imaginar outras pessoas, momentos, lugares e objetos que não estão necessariamente na frente delas. Essas habilidades abstratas podem ser úteis em testes de inteligência e na performance intelectual de forma geral. Segundo, ler pode levar crianças a praticares a concentração e o tipo de habilidades necessárias em situações nas quais testes de QI são feitos.”

INFLUÊNCIA GENÉTICA

                A participação de gêmeos idênticos no estudo permite que os pesquisadores minimizem a influência de diferenças genéticas ou de criação no desenvolvimento das crianças. “Nunca dá para se excluir fatores genéticos, e acho que os pesquisadores não pretendem fazer isso. Por isso usuram gêmeos. Mas a questão é que a leitura é um fator determinante, com certeza, pois as crianças que não tinham essa habilidade tão desenvolvida ficaram um pouco para trás, mesmo sendo gêmeo”, analisa Augusto Buchweitz, pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul. “Eles trabalharam com crianças que estavam num ponto inicial com o mesmo nível de inteligência, mas que, depois da aprendizagem da leitura, manifestaram diferenças”, ressalta o especialista.
                As desigualdades de inteligência e de talento para a leitura testadas resultariam, portanto, das experiências que os gêmeos não partilharam, como um professor ou um grupo de amigos. De acordo com o estudo, as influências positivas fazem a diferença desde os 7 anos de idade, quando o destaque da leitura já resulta em melhor desenvolvimento cognitivo.
                Para Buchweitz, o segredo está na plasticidade do cérebro infantil. No início da vida, a mente é especialmente receptiva a novos estímulos e tem uma grande capacidade de adaptação. “Nosso cérebro não está programado para ler. Ele não aprende naturalmente como a gente aprende a falar”, explica o brasileiro. “ A criança tem de se adaptar a algo que  não é natural a ela, ou seja, a leitura, e isso faz com que o cérebro dela se adapte e desenvolva  outras habilidades.”
                Para os autores do trabalho, a descoberta pode ser uma importante ferramenta para pais e educadores. Como leitura é um talento que pode ser aprendido e desenvolvido, investir nessa atividade desde o início da infância poderia influenciar a inteligência de forma positiva até a vida adulta. Alunos que não recebem incentivo à leitura desde cedo poderiam sofrer não somente no processo de  alfabetização, como também teriam a inteligência prejudicada de forma geral.
                Educadores ressaltam que o contato com a leitura, dentro e fora da escola, é fundamental. E esse contato se dá de muitas formas além da de ter um livro nas mãos. A relação com as palavras começa muito antes da alfabetização, como quando o pequeno vê os pais lendo algo ou ouve uma história contada por um adulto. “A atividade de leitura fica carregada de sentido. Se alguém lê um livro para mim, um dia eu poderei ler sozinha. Não é o objeto em si que faz a mágica. O que faz sentido é aquilo que muda a relação que o ser humano tem com esse objeto”, afirma Maria do Rosário Longo Mortatti, presidente da Associação Brasileira de Alfabetização (ABAlf) no biênio 2012-2014.

NUNCA É TARDE

                Embora o estudo reforce a importância da leitura desde cedo, os resultados não apontam claramente para uma idade ideal de alfabetização. “Podemos dizer que, ao menos nos termos das variáveis que analisamos, nós não encontramos nenhum efeito negativo na leitura em idade precoce”, ressalta o pesquisador Stuart Ritchie. A vantagem na inteligência foi constatada, inclusive, em crianças que se destacaram em fases posteriores da infância, mostrando que o investimento na literatura também gera frutos em crianças que receberam o estímulo um pouco mais tarde.
                No Brasil, o Ministério da Educação estipula que as crianças sejam alfabetizadas até os 8 anos, mas não especifica em que idade esse processo deve ser iniciado. A especialista Maria do Rosário Moratti, que também é professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília, acredita que o estímulo da leitura deva ser reforçado desde a primeira infância, muito antes de o processo formal de alfabetização ser iniciado. “A idade tem função para certos marcos escolares, rituais escolares. E muitas vezes não tem fundamentação científica nenhuma. Muitas vezes, é uma questão simples, são vagas que estão disponíveis”, alerta a educadora. “A oportunidade de a criança ler ou ouvir textos é imprescindível, e isso é desde bebê.”

***

                Então é isso, queridos companheiros de paixão. A ciência está pesquisando e produzindo evidências daquilo que todos nós já sabíamos: ler faz um enorme bem à mente. E se traz tantos e tantos benefícios ao cérebro e à alma de adultos, qual não será o seu potencial na mente tão cheia de possibilidades de uma criança?
                Fica a dica, galera: leia para seus pequenos, conte histórias para eles. E tão logo eles comecem a dominar os mistérios das letras, os incentive a ler por conta própria. Eles só terão a ganhar.




Referência do texto:
- MACHADO, Roberta. Leitura na infância favorece a inteligência. Publicado em “Correio Brasiliense”, domingo, 24 de agosto de 2014.

Referência da imagem:
- Blog Estante Virtual.
Helkem Araujo

O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade; sei lá de quê! - Florbela Espanca
Leia Mais sobre a autora

Comentários
1 Comentários

Um comentário :

  1. Não entendo como as pessoas ainda não dão livros ou leem para seus pequenos xD

    ResponderExcluir

Deixe o seu comentário!