RESENHA – Resident Evil: Incidente Caliban Cove (S. D. Perry)

Ficha técnica:
Referência bibliográfica: PERRY, S.D. (Stephani Danelle) Resident Evil - O Incidente Caliban Cove. 1ª edição. São Paulo, Editora Benvirá, 2014. Tradução: Gustavo Hitzschky, 208 páginas.
Gênero: Ficção Científica/Terror
Temas: Zumbis, mortes, assassinatos, armas biológicas
Categoria: Literatura Estrangeira; Literatura Norte-Americana
Ano de lançamento: 2014
Série: Resident Evil - Conspiração Umbrella (1), Resident Evil - Incidente Caliban Cove (2)








            “Muitas coisas já haviam acontecido, e esse era apenas o começo da batalha. Ainda havia pessoas que trabalhavam no S.T.A.R.S. em quem confiava, com quem podia contar, e não seria pego novamente, talvez eles não precisassem correr. E, se Rebecca e David fossem bem-sucedidos na operação no Maine, teriam o necessário para acabar com a empresa de uma vez por todas.
         A Umbrella havia mexido com as pessoas erradas. Barry queria estar lá quando descobrissem isso. ”
*Resident Evil - O Incidente Caliban Cove (pág. 55).

                Após os acontecimentos de Resident Evil - Conspiração Umbrella os membros do S.T.A.R.S. acreditavam que tudo havia terminado na mansão Spencer. O esquadrão havia reunido provas contra a empresa farmacêutica para alertar o mundo sobre as terríveis armas biológicas criadas pela corporação, porém, tudo em vão: a Umbrella não apenas saiu impune, mas também conseguiu fazer os membros do S.T.A.R.S. envolvidos se tornarem criminosos foragidos. 
             Resident Evil - Incidente Caliban Cove é a continuação direta dos eventos de Resident Evil - Conspiração Umbrella (resenha), passando-se 13 dias após os acontecimentos da mansão Spencer. Os sobreviventes Chris, Jill, Barry e Rebecca, tentaram alertar o mundo sobre a Umbrella, mas ninguém acreditou na história de que a empresa estaria criando armas biológicas. Sem saber o que fazer e com a cabeça a prêmio, eles recebem a visita inesperada de um homem chamado David, membro dos S.T.A.R.S. que acreditou na história deles. Ele revelou que recebeu a visita do misterioso Trent, como Jill no livro anterior, e contou ao grupo que não haveria reforços. A Umbrella havia manipulado ou comprado o silêncio da alta cúpula dos S.T.A.R.S. Eles estavam sozinhos.
             Porém, Trent dera-lhe documentos que poderiam ser a esperança de desmascarar a Umbrella e ao mesmo tempo livrar a cara dos sobreviventes. Nos documentos havia informações de que outro laboratório, sediado na pequena cidade costeira de Caliban Cove, no Maine, perdeu o controle sobre os experimentos da mesma forma que aconteceu na mansão. David estava montando uma equipe para invadir o laboratório e veio recrutar a jovem Rebecca para o time.
Antes de falar minhas impressões, vamos a uma curiosidade: diferente do primeiro livro, esta é uma história totalmente desenvolvida pela autora, ou seja, não é mostrada em nenhum dos jogos da série. A autora deve ter muita moral para autorizarem uma história totalmente nova da saga...
Bom, a história agora foca em Rebecca, única sobrevivente do Bravo Team do livro anterior. Uma gênia em miniatura, a jovem bioquímica de apenas 18 anos parte em uma missão complicada de resgatar e estudar o agente mutagênico do vírus T. Em companhia do comandante David, do especialista em computadores e atirador Steve Lopez, do especialista em comunicação John Andrews, e da perita forense Karen Driver, a missão era simples: entrar no complexo, pegar amostra e documentos e sair de lá sem alarde. Porém, como nada em Resident Evil é simples, logo ao chegarem na instalação, eles são atacados por monstros criados a partir do Vírus T.

            “- Morram, caramba, por que não morrem? – berrou Steve atrás dela com tal descrença e horror na voz que o sangue da garota gelou.
‘Zumbis?’
Sem desviar o olhar do retângulo de madeira escura, Rebecca gritou o mais alto que pôde, a voz quebrada contra o ruído incansável das automáticas.
- Tiros na cabeça! Mirem na cabeça!.”
*Resident Evil - O Incidente Caliban Cove (pág. 99 e 100).
(imagem)


           Na obra somos apresentados a um tipo diferente de zumbi: os trisquads, armas biológicas criadas pelo Dr. Nicolas Griffith. Esses zumbis eram inteligentes o suficiente para seguir ordens básicas e utilizar armamentos. Eles utilizavam o fuzil M16 como armamento básico e serviam para proteger o perímetro da instalação, sempre andando em grupos de 3 indivíduos (daí o nome trisquads). Apesar de ser um grande avanço no controle das armas biológicas, os monstros foram vencidos pela equipe do S.T.A.R.S. chefiada por David. Além dos trisquads, o Dr. ainda conseguiu sintetizar uma variante do vírus T que lhe permitiria controlar os zumbis. Esses poderiam até mesmo se passar por pessoas normais se assim fossem ordenados.

“Retire a habilidade de um homem de escolher e a mente fica livre, vazia, pura. Com treinamento, torna-se um bicho de estimação; sem, vira um animal, tão inofensivo e serenamente simples quanto um rato. Cubra o mundo com tais animais, e somente os fortes sobrevivem...”.
*Resident Evil - O Incidente Caliban Cove (pág. 55).

           Conversando com meu amigo e revisor do blog, o Nillo, descobrimos uma possível referência interessante usada pela autora. Caliban é o nome dado há um personagem de uma peça de Shakespeare chamada A Tempestade (que ele recomendou muito a leitura). A história fala sobre um rei destronado e exilado numa ilha que aprende magia e usa seus poderes para criar uma tempestade e assim naufragar um navio que tem a bordo o usurpador do trono. Caliban é um morador nativo dessa ilha que é domado, por assim dizer, por esse rei feiticeiro.
             Não pegaram? Então vamos lá: O Rei destronado é o Dr. Griffith, que parou de receber apoio da Umbrella. Ele se exila em uma pequena ilha (a base da Umbrella) e aprende magia, que no caso são suas pesquisas do T Vírus. E assim naufragar um navio que tem a bordo o usurpador do trono, que no caso é a personagem Rebecca. E o personagem Caliban pode ser uma analogia aos zumbis que o Griffith controla. Curioso, não acham?
(imagem)
            À medida que o livro avança, ficamos cientes da motivação de cada membro, já que aquela não era uma missão oficial do S.T.A.R.S. E por estarem sem suporte, a missão seria ainda mais difícil. Quando a coisa começa a complicar, eles são atacados por sentimentos de dúvida e culpa sobre o sucesso da missão. Afinal, quem eram eles para desafiar uma gigante como a Umbrella? Teriam eles condições de enfrentar um inimigo que não sente dor? Medo? Fadiga? E pior: poderiam sair vivos do inferno? A autora traduz essas emoções inserindo na narrativa os pensamentos dos personagens, o que nos faz conhecer a personalidade de cada membro em meio ao frenesi da missão.

“Parei de confiar nos meus instintos. Sem a segurança do S.T.A.R.S. atrás de mim, eu me esqueci de ouvir aquela voz – com tanto medo de cometer um erro que perdi a habilidade de escutar, de saber o que fazer. Toda vez que o medo me atacou, eu o atravessei e ignorei  –  assim o fortaleci.”
*Resident Evil - O Incidente Caliban Cove (pág. 55).
(imagem)
           O que eu curti muito: essa carga de emoções que envolveu cada membro do time. Eles aparecem não apenas como soldados, mas também como pessoas, com sentimentos, medos e dúvidas. Idem para o grande antagonista da trama: a autora soube explorar muito bem os pensamentos de um cientista maluco com desejos megalomaníacos de tornar o mundo um lugar “melhor”. Também achei interessante a descrição dos quebra-cabeças. Quem joga Resident sabe que existem vários para resolver, que abrem portas, revelam itens e outras coisas.
O que eu não gostei muito: faltou mais ação. A missão focou-se principalmente em avanço e reconhecimento. Quase não havia inimigos para enfrentar. Não que isso torne a obra ruim, apenas menos empolgante (pra mim). O “survivor” ficou mais por conta do pouco tempo que eles tinham para sair de lá do que para os combates contra armas biológicas, pois algo grave havia acontecido com um dos membros do grupo.

“- Se… se eu começar a ficar… irracional, vocês vão fazer alguma coisa, não? Vocês não vão me deixar… machucar ninguém?”
*Resident Evil - O Incidente Caliban Cove (pág. 55).

(imagem)
A obra é narrada em terceira pessoa e se divide em dois tempos: na visão da equipe de Rebecca e na visão do antagonista da trama. A fluidez da narrativa é tranquila, eu apenas senti a falta de um mapa, pois fiquei um pouco perdido nas cenas que eles tinham de mudar de setor dentro do complexo. Isso ajudaria bastante a me situar dentro da trama. Somos apresentados aos personagens à medida que a obra avança. Quando a obra passa para a ótica do antagonista, somos apresentados às motivações que o levaram a cometer todas as atrocidades vistas no decorrer da obra. A revisão está boa, achei um erro evidente apenas. A diagramação também está ótima, com folhas amareladas e uma letra de fácil leitura. Quanto à capa, eu não curti muito. Não sei bem dizer o porquê. Achei os traços da personagem esquisitos.
S. D. Perry é autora de várias séries famosas como “Aliens”, “Alien vs. Predador” e “Star Trek”. Perry também escreveu os romances inspirados nos filmes “Timecop” e “Vírus”. É filha do escritor best-seller de ficção científica Steve Perry e mora em Portland, no estado norte-americano de Oregon, com o marido e dois filhos.
          Bom, embora não seja uma das melhores histórias envolvendo a franquia, Resident Evil - O Incidente Caliban Cove é uma obra que pode ser apreciada pelos fãs da franquia por trazer alguns elementos não vistos em outros jogos da série. Recomendo também para os curiosos que querem desbravar este vasto universo (mas não comecem por esse, senão vão boiar em alguns aspectos). Talvez não seja uma obra tão interessante assim para quem não gosta do gênero terror, mas se a curiosidade bater, a saga Resident Evil é um começo legal.
            Mesmo construindo uma boa narrativa dentro da saga e tenha bons momentos de suspense e terror, Resident Evil – O Incidente Caliban Cove não é um livro tão impactante dentro da franquia e talvez para alguns fãs seja apenas isso: um incidente dentro de uma conspiração maior.


Bibliografia de NOME DO AUTOR (ordem cronológica):

Livros:
  • Resident Evil: Conspiração Umbrela (Livro 1) – Benvirá (2013).
  • Resident Evil: O incidente de Caliban Cove (Livro 2) – Benvirá (2014).
  • Resident Evil: A Cidade dos Mortos (Livro 3) – Benvirá (2014).
  • Resident Evil: Submundo (Livro 4) – Benvirá (2014).
  • Resident Evil: Nêmeses (Livro 5) – Benvirá (2015).
  • Resident Evil: Código Verônica (Livro 6) – Benvirá (2015).
  • Resident Evil: Hora Zero (Livro 7) – Benvirá (2016).




Luciano Vellasco

Sou o cara que brinca de ser escritor e se diverte em ser leitor. Apaixonado por livros, fotografia e escrever. Jogador de rpg nos domingos livres, colecionador de Action Figures e Edições Limitadas de jogos. Cinéfilo, amante de series e animes. Estou sempre em busca de conhecer novas pessoas e aprender com cada uma delas e por último, mas não menos importante: um lendário sonhador.
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Comentários
1 Comentários

Um comentário :

  1. Luciano!
    Interessante como os autores se baseiam em outras obras para fazerem referência dentro das suas próprias, acho isso bem bacana.
    Confesso que não sabia que tinha o livro do Resident Evil, achei que só eram os filmes e games.
    Pena não ter tanta ação.
    “Será que você vai saber o quanto penso em você com o meu coração?” (Renato Russo)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE JUNHO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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